O ano teve a maior aquisição da história do setor de tecnologia, a criação de uma gigante da cerveja e empresas envolvidas na Lava Jato vendendo seus ativos.
Quando a fabricante de computadores Dell anunciou a aquisição da empresa de armazenagem de dados EMC em 12 de outubro, por US$ 67 bilhões, o negócio entrou para o hall da fama da tecnologia como a maior aquisição do setor. A compra talvez repercutisse mais não fosse o acordo fechado um dia depois. Na manhã do dia 13, a AB InBev anunciou a fusão com a SAB Miller, criando uma gigante do setor de cervejas.
Foi mais uma tacada do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Os brasileiros são os principais acionistas do 3G Capital, controlador da AB InBev. A negociação com a SAB Miller, porém, não foi a única grande jogada deles no ano. Em março, a Heinz, também controlada pelo 3G, anunciou um acordo de fusão com a Kraft.
O Bradesco comprou o HSBC Brasil por R$ 17,6 bilhões em agosto. Foi a maior aquisição feita pelo banco em sua história. O negócio coloca o Bradesco mais próximo de seu arquirrival Itaú Unibanco, hoje o maior banco privado do país.
Considerando as empresas que atuam no Brasil, o negócio mais relevante do ano foi provavelmente a aquisição do HSBC Brasil pelo Bradesco. O acordo não foi apenas um negócio bilionário, o maior da história do banco, mas uma aquisição que diminuiu a diferença de tamanho entre o Bradesco e seu principal concorrente, o Itaú Unibanco – o maior banco privado do país.
Por aqui, a tão comentada crise econômica atrapalhou o desempenho de muitas companhias. O ano de baixo crescimento – a expectativa é que o PIB encolha cerca de 3,5%, segundo analistas consultados pelo Banco Central – teve queda nas vendas, demissões e inflação bem acima do teto da meta. O mau humor do mercado em meio a esse cenário adiou estreias na bolsa. Assim como em 2014, houve apenas um IPO na Bovespa, o da Par Corretora. Algumas aberturas de capital que estavam sendo estudadas, como da Caixa Seguridade e da BR Distribuidora, foram adiadas.
Grandes negócios fechados no país tiveram a ver com outro assunto recorrente: a operação Lava Jato. A construtora Camargo Corrêa, por exemplo, vendeu sua fatia na Alpargatas, dona de marcas como Havaianas, para a J&F, holding da família Batista. Um dos motivos foi levantar recursos para reduzir o endividamento e pagar multas – uma delas o acordo de leniência para devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos.
No final de novembro, mais um desdobramento da Lava Jato surpreendeu o mercado, que já tinha se acostumado com notícias sobre prisões de executivos de construtoras. André Esteves, então presidente do BTG, foi preso por suspeita de atrapalhar as investigações. O banco foi ágil ao gerenciar a crise. Esteves saiu dos cargos que ocupava na insituição e negociações que já estavam em curso foram aceleradas para fazer caixa. A primeira venda concretizada foi da Rede D’Or.
Na contramão dos problemas, duas grandes empresas brasileiras fizeram aquisições mirando a expansão internacional. A JBS e a BRF compraram companhias fora do país para aumentar sua produção ou viabilizar a distribuição de seus produtos no exterior.
Fábrica de gigantes
Não foram poucos os acordos que criaram gigantes em 2015. Assim como nos negócios protagonizados por Dell e AB InBev, a expressão “maior negócio” foi usada novamente em abril, quando a Shell anunciou a compra da BG, na maior aquisição do setor de gás e energia; em novembro, quando a rede de hotéis Marriott comprou a rede Starwood, criando a maior empresa hoteleira do mundo; em novembro de novo, após a união de Pfizer e Allergan formar a maior fabricante de medicamentos do mundo em vendas; e em dezembro, quando a DuPont e a Dow Chemical fizeram a maior fusão da indústria química mundial.