Você sabe de onde vem o conceito de renda passiva e como ela passou a fazer parte da humanidade? Acompanhe esta história e descubra qual a melhor estratégia de renda passiva pra você.
Aconteceu em uma terça-feira, há 200 mil anos, no interior do que hoje conhecemos como África.
O caçador voltava para sua tribo depois de dias na mata. Faminto e sedento, em sua pele havia dezenas de arranhões causados por espinhos, garras de animais e picadas de insetos.
Seus pés, feridos, não aguentavam dar mais um passo. Nos braços, carcaças magras de caça miúda.
A poucos passos de casa, depara-se com outro membro de sua tribo: gorducho, de bem com a vida e com os braços cheios de frutas – resultado de duas horas colhendo diretamente das árvores frutos maduros, suculentos, carnudos.
O caçador pede uma fruta. O outro propõe uma troca: uma caça por uma fruta.
Segue-se uma discussão e, assim, surgem na humanidade os conceitos de valor, do custo do trabalho e do comércio.
Mudamos pouco de lá para cá. Quando dizemos que algo está caro, queremos dizer que aquilo não vale o equivalente em dinheiro a tantas horas de nosso trabalho.
Por que é perigoso viver apenas com a renda ativa
Podemos traduzir uma entrevista de emprego como:
“Olha, eu passei vários anos desenvolvendo habilidades, conhecimentos e conexões úteis para a sua empresa. Agora quero alugar tudo isso e mais as minhas aptidões natas para você por ‘X’ por hora e por ‘Y’ horas em um mês”.
O acordo é fechado e todos os dias você vai até a empresa e entrega o combinado, através de seu esforço físico e mental.
No final do mês, você naturalmente recebe o dinheiro pelo qual alugou seu esforço e todas as suas qualidades profissionais.
Simples assim. Você dá algo, você recebe algo. Essa troca direta, em que seu rendimento depende de seu esforço, é chamada renda ativa, e inclui:
- Salário/pró-labore;
- Comissões;
- Honorários (e outras formas pelo qual o pagamento de um profissional liberal é chamado);
- Adicionais de produtividade;
- Férias, 13º Salário e outros direitos trabalhistas.
Não importa se você trabalha 12 horas por dia no fundo de uma mina ou se é testador de colchão.
Se é contratado para receber um salário mínimo por mês ou por meia hora. Narenda ativa, dá-se esforço, recebe-se dinheiro. Se não se esforça… bom, não recebe.
Certo, hoje em dia você pode negociar folgas maiores, períodos sabáticos, etc.
Mas, mesmos estes têm a premissa de que você irá usar esse tempo para melhorar suas habilidades, tornar-se um profissional mais capaz e, então, alugar suas qualidades e esforço por um pouco mais de dinheiro.
Esse sistema tem suas falhas. De um lado, quem paga pelo esforço pode falir, pode passar por momentos difíceis, pode cancelar o contrato.
E quem oferece o esforço pode ficar doente, pode sofrer pela perda de um ente querido ou por algum outro drama pessoal, faz parte da vida. Cedo ou tarde todos terão que enfrentar algo que irá afetar sua produtividade.
Em razão disso tudo, quem depende apenas de renda ativa está sujeito a muitosimprevistos e não possui muita segurança em relação ao futuro. É aí que entra arenda passiva.
Renda passiva: como tudo começou
Vamos fazer uma pausa e voltar para o nosso ancestral milenar das frutas.
Um dia ele repara que as frutas podres caem e, de alguma forma, se transformam em arvorezinhas. Ele pega as arvorezinhas, planta-as perto de sua cabana, faz um cercadinho e espera.
Em alguns anos, há uma fila de aldeões na frente de sua cabana. Trazem caça, peixe, cerâmica, peles.
Seu filho pega os produtos, olha, faz um sinal com os dedos, abre a porteira e deixa o sujeito pegar umas frutas – menos as podres, que vão gerar mais árvores no futuro.
O homem original das frutas fica na rede, bebericando água de coco e dando uma bronca ou outra no filho só para distrair.
Nosso herói ainda não sabia, mas havia descoberto as vantagens da renda passiva. Aquela que você faz um esforço para começar a receber, mas depois ela se perpetua, gerando mais e mais rendimentos para você, independente de qualquer ação que você venha a fazer.
Quer se esforçar, trocar seus talentos por dinheiro? Pode. Quer passar o mês pescando no Pantanal? Pode.
Nos dois casos, a sua renda passiva será rigorosamente a mesma. Existem várias maneiras de você construir sua renda passiva e agora vou apresentá-las a você:
1 – Poupar dinheiro
É a mais conhecida e está disponível para todas as pessoas.
Você pega um pouco do dinheiro que ganhou com seu esforço e o leva a uma instituição bancária.
Lá, eles vão pegar o seu dinheiro e usar para pagar o esforço de outras pessoas através de empréstimos, financiamentos – e, vá lá, de quando em quando para especular no mercado.
Em troca, eles prometem pagar uma porcentagem a você. Ou seja, você deixa R$ 100 no banco, que através de investimentos, empréstimos, compra e venda de papéis, transforma o valor em R$ 110 e, conforme contrato, devolve a você R$ 101,72.
Nesse tipo de renda passiva, lida-se apenas com dinheiro.
Você se esforçou, ganhou dinheiro e transformou seu esforço em mais dinheiro, para então investir.
Se o produto financeiro for bom, você se beneficiará dos juros compostos e não precisará mais fazer nenhum esforço para alimentar essa fonte de renda passiva.
Se o produto financeiro for ruim – por exemplo, um título de capitalização, disparado o pior investimento que se pode fazer dentro de um banco – terá que trocar mais esforço por dinheiro para cobrir suas perdas.
2 – Patente, copyright e direitos autorais
Aqui você se esforçou para criar algo útil e relevante ao mundo.
Isso pode ser uma descoberta científica, um produto novo, uma peça teatral, uma música, uma marca.
Você colocou sua criação no mercado e vai receber uma renda passiva pelo uso público do que criou.
Se utilizou seu esforço para escrever um livro, por exemplo, irá receber uma porcentagem da venda chamada direito autoral por, pelo menos, 99 anos. O que garantirá uma renda passiva para seus descendentes também.
Essa forma de gerar renda passiva tem o problema de exigir muito esforço inicialsem compensação.
Gabriel Garcia Márquez, por exemplo, levou mais de dois anos para escrever Cem anos de solidão.
Vendeu seu carro e tudo mais o que conseguiu para sustentar a família, sua mulher teve que gerenciar contas com oito meses ou mais de atraso.
No final, há críticos que dizem que só há dois livros que devem ser lidos por toda a civilização ocidental: a Bíblia e Cem anos de solidão.
A renda passiva da obra é suficiente para que a família não tenha mais que se preocupar com as contas.
Ainda assim, é um funil extremamente estreito. São poucos os que podem viver de suas criações no setor artístico.
O setor de patentes também é uma selva: a cada produto inventado e de sucesso surgem concorrentes que buscam dar ao consumidor o mesmo resultado através de produtos ligeiramente diferentes.
E quanto a registrar uma marca e deixar que outros lancem produtos com ela através de licenciamento?
É uma maneira duvidosa de gerar renda passiva, pois nada é mais volátil que marcas e moda. Poucas ficam.
Bons exemplos são Disney, Coca-Cola e Harley-Davidson, mas a esmagadora maioria desaparece sem deixar vestígios.
Não me leve a mal, mas existem formas mais fáceis de gerar renda passiva. Continue comigo que logo vou explicar.
3 – Aluguel
Essa forma de gerar renda passiva é afetada fortemente pela lei de oferta e procura, que atinge as propriedades de duas maneiras. Vamos primeiro à mais direta.
Hoje, vivemos o reflexo de um excesso de oferta: os moradores têm muitos imóveis à disposição e o investidor corre o sério risco de ficar sem renda passiva por meses caso não consiga alugar seu imóvel.
A segunda forma pela qual o aluguel é afetado pela oferta e procura é o movimento natural da cidade. Bairros entram em decadência, locais entram e saem de moda, algumas áreas são revitalizadas e outras esquecidas.
A cidade é viva, respira, cresce para alguns lados e diminui em outros. Seuapartamento de investimento, ao contrário, é fixo no lugar.
4 – Lucro
Você se esforça, troca seu esforço por dinheiro e abre uma empresa.
Você continuará se esforçando e trocando esse esforço por dinheiro – é o pró-labore, que vimos lá em cima – mas também receberá uma renda passiva chamada lucro.
Vamos ficar com a definição mais “arroz com feijão”: receita menos despesa é igual a lucro.
É claro que existem muitos asteriscos e notas de rodapé escondidos nessa equação, mas esse debate não é relevante neste momento.
O que importa é que a sua empresa termine o mês – ou ao menos deveria terminar – com mais dinheiro em caixa do que quando o mês começou.
Quando isso ocorre, você reinveste parte do lucro na empresa e a outra parte é a sua renda passiva.
É verdade que você pode dizer que só lucrou porque trabalhou, mas se colocasse outra pessoa para realizar seu trabalho iria desfrutar do lucro da mesma forma. Ou seja, você pode trabalhar e receber o pró-labore ou pode pagar um salário para alguém fazer o mesmo trabalho. Isso é pagamento por esforço. O lucro é um extra.
Existem pessoas que conseguem, ao longo dos anos, prosperar e ter uma renda passiva fabulosa com o lucro. Mas também é verdade que essas pessoas, infelizmente, são a minoria.
Segundo dados da Pesquisa Demografia das Empresas, realizada pelo IBGE, 694 mil empresas foram abertas no Brasil em 2009. Em 2013, apenas 47,5% ainda estavam abertas. E fica pior.
Segundo a Consultoria Neoway, 1,8 milhão de empresas fecharam suas portas em 2015, o triplo do registrado no ano anterior.
Nesses casos, não importa o esforço, tanto o pró-labore quanto o lucro desses empresários virou pó.
5 – Dividendos
É a única opção de renda passiva em que você usa seu esforço para investir em mais esforço. Só que o esforço de outras pessoas.
A renda passiva baseada em dividendos consiste em comprar ações, pedaços de empresas. Ou seja, o que o seu esforço conseguiu gerar, agora compra o que o esforço de centenas de pessoas pode conseguir.
Empresas boas pagadoras de dividendos costumam ser sólidas, robustas, possuem regras e objetivos de crescimento claro e dificilmente sofrem dificuldades.
Ao investir em empresas que pagam bons dividendos você consegue muitas das vantagens das outras modalidades de renda passiva, mas sem as desvantagensque já comentei.
- Você terá dinheiro caindo regularmente em sua conta, bem como os juros bancários, mas o seu capital não se desvalorizará, pois não é feito de dinheiro, mas de empresas;
- Você recebe o lucro sem os riscos de tocar um negócio pequeno. Em vez disso, torna-se uma espécie de sócio de várias empresas grandes;
- Beneficia-se do lucro vindo de inovações, registros e copyright sem ter que se preocupar com um longo período inicial de esforços. Você pode começar investindo pequenas quantias, ao contrário das grandes somas necessárias para gerar aluguéis.
E o melhor, é acessível. Basta estudar para aprender a investir em empresas que pagam bons dividendos e conquistar sua independência financeira.
André Fogaça
Empreendedor, investidor e cofundador do GuiaInvest, no qual teve o privilégio de ajudar, até o momento, mais de 125 mil pessoas a investirem com sucesso. Suas postagens alcançam segundo o Facebook mais de 2 Milhões de pessoas a cada semana. Ele conquistou um grande sonho pessoal por meio dos investimentos e quer ajudar você a conquistar o mesmo.