O rombo da previdência em 2016 no País foi em torno de 316 bilhões, mas o que cada brasileiro tem a ver com isso? Há chances de que tenhamos que pagar agora pelo “estrago” no caixa da previdência social e, no futuro, não receber um centavo ou, com sorte, ter direito a somente um salário mínimo.
A reformulação da previdência social é necessária, como muitos já sabem, há bastante tempo e, sem mesmo entrar na discussão das bases e argumentos de como está sendo proposta, estamos diante de uma das tantas provas sobre a necessidade de nos preparamos para o processo de envelhecimento, inclusive do ponto de vista financeiro.
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Com a reforma, nos aposentaremos ou deixaremos de ter obrigação de trabalhar após os 65 ou 70 anos de idade e, quando este dia chegar, ocuparemos o tempo nas filas do SUS ou tentando economizar cada centavo.
Casa na praia, finais de semana no sítio, viagens ou cruzeiros serão apenas imagens de revistas, comerciais de TV ou anúncios em mídias sociais, a menos que você transforme esse cenário desde já.
Então, qual é a forma para que você não seja apenas um número estatístico? (E as estatísticas mostram que os brasileiros dependerão do governo ou da ajuda de familiares para sobreviver). Como não esmolar depois de uma vida inteira de trabalho? A resposta é simples: tomando as rédeas do seu futuro.
Para isso, é necessário planejar e tornar as decisões do presente em estratégias de sustentabilidade no futuro. Pensando, analisando e não apenas reproduzindo o comportamento de manada.
Manada? Sim, no Brasil ter comportamento de manada é acreditar que o improviso é talento, que o jeitinho é esperteza e que o envelhecimento é apenas “dos outros”. A manada não se aprimora e, pior que isso tudo, não quer pensar.
A preguiça e a lei do menor esforço se confunde com inteligência. Enfim, a sorte é que não somos homogêneos e as diferenças alimentam nossas esperanças.
No entanto, mesmo para aqueles que sabem da importância do planejamento para o futuro, não é fácil se empenhar a longo prazo para organizar e manter uma reserva financeira.
Temos dificuldade em encarar o processo de envelhecimento porque nos remete a noção de finitude. Quer dizer, com o avançar da idade somos lembrados sobre o “futuro de todos nós” que não é apenas a velhice em si, mas a finitude da vida.
Um – na realidade alguns – mecanismo de defesa psíquico e emocional nos leva ao “esquecimento”. Negamos que envelheceremos para não nos depararmos com o nosso “período de validade”.
Grande engano que cometemos porque acabamos envelhecendo sem dinheiro e, muitas vezes, sem saúde também.
A aposentadoria pode ser uma excelente oportunidade de bem viver, de ter mais oportunidade para escolher aquilo que deseja e iniciar outro próspero período de vida. Para isso, é importante levar em conta duas questões muito importantes.
Uma delas é o autoconhecimento para saber o que, de fato, dará realização na aposentadoria e o segundo fator é ter recurso financeiro para realizar e manter os desejos.
Reiniciar projetos, não fazer nada, realizar pequenas tarefas, viajar, construir, estudar, empreender, não importa, independente do seu sonho, tenha dinheiro para realizá-lo.
Então quando se deve começar a investir para garantir seu futuro? A resposta é ontem. Tempo é o ativo mais preciso que todos nós possuímos, então comece hoje sua reserva financeira e, se está próximo do momento da aposentadoria, potencialize seus investimentos.
Com certeza, o dilema entre aposentar ou não e as angústias com o momento de parada serão muito menores se você tiver uma boa reserva financeira. Lembre-se a angústia é inversamente proporcional ao bolso, ou seja, bolso cheio, angústia “quase” vazia.
Quem sabe o número ‘316 milhões’ possa nos alertar. Não precisamos de muito para conquistar independência e dignidade na velhice.
Disciplina para, mensalmente, enviar um pouco de dinheiro para o velho que habita em cada um de nós, admitir que chegaremos lá e algum estudo para melhor investir o dinheiro é suficiente.
Márcia Tolotti
Consultora da empresa GC-5 Soluções Corporativas, professora da FGV e autora dos livros ‘O Desafio da Independência – Financeira e Afetiva’, que já teve mais de 50 mil exemplares vendidos, e ‘As Armadilhas do Consumo’.